segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


Olhos de Peixe -

Téo Malvine -

. Olhares tortos se viram e desviram em tua direção e certos momentos na minha. Tu és o vilão, 'noutrora', certamente este sou eu. As vezes sou calado, em outras vezes mudo, ou estás tu na surdina ou simplesmente surdo.

. Têm dias em que o vento sopra teu nome e o frio me consome, a saudade me consume, o vento vira tempestade e, sem mais nem menos, urge, pra ver se meus olhares tortos com muita dor se desentortam e se viram outra vez para o navio, pra ver se tomo coragem de cair 'nágua'.

. Há muito não me adiciona nada, as vezes me subtrai muito. Sem uniforme de salva-vidas as vezes quero te tirar d'água, mas o navio ocular naufragou longe demais do cais.



"A minha covardia me mata e me intriga. Entortaste meus olhares com alicate e eu, em minha confusa falta de coragem, não murmurei um "ai", guardei no bolso a dor que sentia. Eu saltei do navio 'noutro' lapso de covardia pouco mais inteligente, ainda a tempo de alcançar o cais, e ainda visto o uniforme de tripulante, porque não sou salva-vidas nem salvador de qualquer lugar. Vivo aqui, beirando o cais, quase sempre esperando sentado, com os dedos dos pés triscando 'nágua'. Ainda há tempo de alcançar o cais, meu amigo Pérsio."

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que pra uma garota te querer, Téo, não precisa você querer. *risos.*
Preciso ainda dizer que achei per-fei-to?

Heitor Cardoso disse...

Teu amigo Pérsio caminha
se afogara mas não se perdera.
Não por completo
não por acaso.
O que se perdera
fora o pior que tinha
o intolerável
o intolerante
que por ironia
alguem aprendera a amar.
O que sobrou
só tornou-se melhor por causa
da imagem do espelho
Pérsio encontrara uma mão
que lhe fora estendida e o afagou
enquanto dezessete outras lhe recusaram com pedras.

Pérsio errara demais tambem
seus sentidos o submergiram.
Mas nem tudo é treva e falta de ar
Aprende-se a conviver e respirar
na falta de companhia e folego
Tambem - mais alem - acredita-se
que a luz se esconde na sombra
Águas, em forma de tromba
machucam mas ensinam a nadar.
Hoje eu nado
se não me enxergas perto do cais
talvez seja por opção tua e minha
Ou não
Os olhos náufragos escondem mais
do que uma simples metáfora para solidão
E quanto às suas putas
elas o encontrarão na rua
ao solavancos a penetração acontecerá
Tua pureza e a dela se perderão
como naquela história que nos foi parida.
Meu julgamento não conta
como muito do que foi dito.
Minha contribuição passou despercebida
a surdina e o surdo sempre estiveram contigo
te peço que não os deixe permanecer
Usa o látego tambem em ti
ou encabresta tua lingua.

Ainda há tempo de seguirmos juntos
sempre houve, sempre haverá
mas a decisão cabe mais aos teus do que a ti.

Te deixo com preces
sem pressa de serem atendidas

Te vejo em breve
mas nunca bravo, entenda.

Atenciosamente,
Pérsio.