sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


Outra Surdina –

Téo Malvine –

. A noite me sorria um sorriso de ponta cabeça, naquela noite me sorria a tristeza e a casa me parecia virada às avessas, como se tivesse eu do outro lado espelho, vasculhando a gaveta vazia, revirando onde nada havia.

. Onde nada havia, aonde estaria algo? Mas naquela noite nada existia... Nada havia em cima da mesa, eu expurgava gentileza e exalava ignorância, vá desculpando a arrogância deste jovem ancião.

. Um pianista eloquente arrastava nas ondas sonoras seu tédio, audível a um raio de uns cinco quarteirões... Não havia estrelas, não tão quanto a lua, não se ouvia risadas na rua, apenas o piano e as sirenes. A noite parecia triste, mas ainda me sorria, um sorriso de ponta cabeça, um sorriso de tristeza.